Igreja de Santa Marta

A atual igreja de Sta. Marta situa-se ao sul da vila da Ericeira, sobre uma plataforma rochosa, hoje ajardinada e envolvida pela malha urbana da vila. É um templo de razoáveis proporções ao gosto setecentista, erigida em 1760, no lugar da antiga Ermida de Nossa Senhora da Saúde, posteriormente Senhora das Necessidades. A construção da atual capela iniciada pois em 1760, sendo nessa época Santuário de Nossa Senhora das Necessidades, tendo como a Capela de Santo António e Senhora da Boa Viagem no Largo das Ribas, duplo orago: Santa Marta e Senhora das Necessidades.

A antiga capela, construída em 1484 com o mesmo orago, situava-se mais junto ao mar, junto às "furnas", onde atuamente se encontra o poço das "Águas de Sta. Marta" no perímetro do Parque de Santa Marta, sendo a referida ermida local de devoção, ligada a curas milagrosas de peste. Foi este templo abandonado, por ter entrado em ruínas.

Em 1599, segundo a lenda referida por Frei Agostinho da Santa Maria, a venerada imagem de Nossa Senhora das Necessidades foi levada por um casal de tecelões para Lisboa, perto de Alcântara, aí edificaram uma capela para a imagem, que veio a dar nome a um bairro, e mais tarde ao palácio que ainda hoje conserva o mesmo nome. Esse "furto" foi atribuído em virtude da imagem ser considerada milagrosa, sendo a fé acrescida nos anos em que em Portugal grassou a peste.

Nos finais do séc. XIX, início do séc. XX com a descoberta das capacidades curativas das águas ali próximas, associou-se a imagem de Sta. Marta que já se venarava na capela, mas que após essas descobertas a devoção a Sta. Marta aumentou.

As confrarias de Nossa Senhora das Necessidades e de Sta. Marta tinham sede nesta ermida.

A atual igreja de linhas simples transpõe para o interior o gosto artístico da segunda metade do séc. XVIII, quer ao nível da talha dourada quer na policromia doretábulo, já com bastante leveza, e nas imagens de médias proporções que se apresentam. No altar ao centro está a imagem de Nossa Senhora das Necessidades (séc. XVIII), sobre nuvens em que aparecem três cabeças de anjo, segurando ao colo, com a mão esquerda o Menino e com a mão direita a vara-tocheiro, onde se encontra a vela. À direita, do lado do Evangelho, Sta. Marta, imagem estofadatendo aos pés um dragão e segurando uma fita com a sua mão direita e, abraçando a cruz com a mão esquerda, à esquerda do lado da epístola uma imagem de Sta. Luzia (séc. XIX). Na nave, única, uma imagem de Nossa Senhora de Fátima (séc. XX) e uma imagem de S. José (séc. XXI) ambas de pequenas proporções.

Foi também esta igreja sede de confraria das raparigas solteiras, que aí realizavam procissões e festejos, em honra das invocações aí patentes, mas que acabaram por se perder após uma integração nas cerimónias do dia de S. Pedro (orago da paróquia).
De salientar dois painéis de azulejos do séc. XVIII representando a Anunciação do Anjo e o Nascimento de Jesus.

O largo da igreja com habitações em redor único na vila, remonta ao tempo do santuário mariano, com as casas para peregrinos.