Saúde mental juvenil
01 de março de 2024

Não é novidade para ninguém que o grande problema da “geração Z” (nascidos depois de 1995) é a saúde mental. A tendência para condutas suicidas e autolesões está a aumentar com o passar dos anos, e o consumo de ansiolíticos cresceu exponencialmente entre os jovens desta geração.

Há várias teorias sobre o motivo pelo qual desceu o bem-estar emocional desta geração.

Muitos acreditam que a resposta está num fator que surgiu nos últimos anos e que esteve presente na formação desta geração e não das anteriores: o uso habitual do telemóvel, ou melhor, o acesso ilimitado à internet em qualquer lugar e tempo.

O “Global Mind Project” decidiu fazer um estudo para esclarecer se existe uma relação direta entre a saúde mental dos jovens e a idade em que receberam o seu primeiro smartphone. Participaram neste estudo 27 969 jovens entre os 18 e os 24 anos de diferentes países e culturas.

O estudo concluiu que, efetivamente, o bem-estar emocional, social e mental dos jovens melhorava consideravelmente entre aqueles que receberam o seu primeiro telemóvel com uma idade mais avançada. Os índices eram alarmantes naqueles que o receberam quando ainda eram crianças.

Ou seja, os pais podem arruinar a vida de um filho se lhe dão um telemóvel antes de ele possuir maturidade suficiente para o utilizar de um modo moderado e sem riscos.

Atenção: isto não é demonizar o telemóvel! É ser consciente de que o seu uso imoderado possui sérios riscos, sobretudo para as crianças e os jovens.

Muitos pais sabem disto. No entanto, argumentam que é muito complicado dizer que não a um filho quando é muito grande a pressão a que está sujeito por parte dos seus colegas e no ambiente escolar.

É verdade. Nunca foi fácil dizer que não aos filhos. 

Mas também é verdade que tudo aquilo que vale a pena exige esforço. É preciso que os pais aprendam a dialogar muito com os seus filhos sobre este assunto sem reduzir essa conversa a “só te dou um telemóvel quando tiveres X anos”.

Claro que também é essencial que saibam criar para os seus filhos passatempos sadios que substituam a dependência escravizante do telemóvel. E que eduquem com o exemplo. Se os pais não se esforçam por praticar o que ensinam, não ensinam nada, por muito que dialoguem com os seus filhos.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria